quinta-feira, 28 de maio de 2015

Viver com Sentido



Em comparação com a Vontade de prazer e com a Vontade de poder, o psiquiatra austríaco Viktor Frankl apresenta-nos a ideia de que o ser humano abriga internamente a Vontade de Sentido. Procuramos um sentido pelo qual valha a pena viver, procuramos expressar nosso ser em sua dimensão mais profunda. Este sentido é encontrado quando fazemos algo de positivo para alguém ou para o mundo, através de nossas ações, de nosso trabalho, de nossas escolhas, de nossas realizações. Temos aqui valores que nos fazem apontar para a orientação Ética fundamental em pensarmos que a vida tem Sim um sentido a ser afirmado!

Portanto, a Realização, a felicidade e o sucesso na vida podem ser compreendidos como consequência de uma vida dedicada a um sentido, a uma obra. Todo ser humano vive o sofrimento, o que Frankl expressou com o conceito da tríade trágica: dor, morte e culpa. Através de nossa capacidade de atribuir Sentido, podemos viver uma vida para além do sofrimento, cultivando valores positivos e construindo uma cultura de paz, uma nova humanidade, uma nova vida.

A contribuição da visão sistêmica aponta a necessidade de superar dicotomias, por exemplo, entre agressores e agredidos. Já atendi um caso de um paciente que cometeu violência  sexual e queria ajuda pra não o repetir. Já atendi casos de vítimas de estupro.  Lembrei de um caso agora de um homem vítima de homofobia. Lembro da criança que atendi com deficit de atenção que chorava a perda do tio. Há também um Jovem que atendi o qual sofreu violência sexual na infância e na adolescência desistiu de ir às aulas.  Ja atendi uma mulher com aparente estresse no trabalho que revelou em visualização saudade e tristeza pela perda dos avós. A vida é sofrimento. Todos sofremos. Muitas vezes somos agressivos, outras somos agredidos. Superar polaridades faz reconhecermos a humanidade em todos nós.  Cometemos erros, sentimos culpa. Podemos perder quem amamos. Mas a cada dia eu vejo o quanto o ser humano tem potencial para aprender, para se superar, para amar, para Ser.

Devemos concluir com a concepção de Otimismo trágico. Segundo Frankl, Sentido da vida é individual, não pode ser copiado. Além disso, o sentido deve ser encontrado e não criado. Mesmo numa situação de máximo sofrimento, podemos viver significativamente. Podemos viver heroicamente nosso sofrimento, transformando nossa angústia em ponte para nossa realização.


Aquele que vive uma vida com sentido, tornado-se o que pode Ser, vive a serviço do que a vida pode ser de melhor, o que traz fortes implicações Éticas para a construção de uma nova cultura de paz, educação com valores humanos e espiritualidade. A serviço da vida, da arte, da espiritualidade, do trabalho, do crescimento, vivemos valores que podem nos fazer encontrar a auto-transcendência.

O Jovem que sofreu abuso escolheu fazer Enem e trabalhar com gastronomia. A Criança que perdeu o tio desenhou um presente para o parente amado, se reconectando com este amor. A Mulher com saudade dos avós, em exercício de visualização terapêutica, pediu a bênção e recebeu novamente o amor dos avós, aprendendo a encontrá-los no coração. Assim, uma vida mais humana é possível,  com mais amor, saúde e paz, com mais espiritualidade e com Realização Humana.





Pedro Possidonio
pedropossidonio.psi@gmail.com

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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Ressignificando



Todos nós passamos por experiências em nosso passado e em nossa história de vida. Algumas experiências positivas, algumas histórias negativas. O papel da terapia e processos de crescimento humano é ressignificar experiências e crenças limitantes. Muitas vezes ficamos presos no negativo e, por querer evitar sofrer, nos afastamos da vida, dos seus riscos e de suas possibilidades. Sepultamos, assim, nosso sucesso ou nossa felicidade. Abandonamos nosso caminho de realização.

Nada é o que é ou o que foi. Tudo é como representamos. Tudo é o significado que damos. Através do modo como representamos nossa realidade podemos criar nosso inferno e nosso céu interior.

Lembro de uma cliente me dizendo que, em seus 45 anos, já não acreditava que era possível curar sua fobia de água, em lagos, no mar e ate na chuva. Sonhava e tinha pesadelos com uma água que a afogava. Transformamos suas representações internas com PNL e Hipnose, Ressignificando sua experiência interior. Depois passou a sonhar com uma chuva de luz, representando sua libertação. 

Nosso passado já passou, sendo apenas uma história que nós contamos em nossa mente.  Nosso futuro e suas possibilidades ainda não chegou.  Nós somos o agora. E este é, a cada momento, o tempo da transformação.

O Psicólogo, ou o Terapeuta, é alguém que pode ajudar, caminhar ao lado. Através de suas ferramentas e técnicas, de suas experiências, ele deve ser um facilitador a serviço do processo interior de cura e transformação. Não pode fazer a mudança por você. Você deve assumir o comando, o compromisso de querer transformar sua vida. No entanto, internamente, é totalmente possível se curar, se libertar e despertar recursos para viver uma vida com muito mais qualidade e Realização. 

Pedro Possidonio
Psicólogo e Terapeuta

youtube.com/pedropossidonio

Transcender ao sofrimento



Iniciamos este texto com o caso clínico de uma jovem que se separou do namorado, terminando um relacionamento de dois anos. Seus sentimentos de tristeza e dor aparecem mesclados com descrença e ferida. Agora, ela se foca na necessidade de conseguir melhorar no campo do trabalho,  visa um concurso que lhe ofereça uma estabilidade.

Utilizamos o exemplo para falar de uma ideia filosófica que vale a pena ser pensada: muitas vezes, a vida é sofrimento. A felicidade nos escapa, e sua plenitude às vezes não parece algo deste mundo. Vivemos em um mundo de ilusões, muitas vezes geradas socialmente e introjetada por nós na esperança de fazer com que a dor de viver seja dirimida.

A saída para este sofrimento, para Schopenhauer, filósofo de cujo raciocínio estamos trabalhando, estaria em viver a Ética da Compaixão e a Metafísica do Belo. A primeira diz que nós devemos ter compaixão desinteressada pelo sofrimento que envolve a trama humana, ainda que, segundo o autor, tomando certa distância. A segunda aponta para a arte como a saída do sofrimento. Através da arte, da fruição do Belo, conseguimos refrear a impulsividade de nossa Vontade, cega e irracional, e assim viver um pouco de paz.

Já Sartre nos ensina que O homem é sua própria obra. Ao transformar nossa vida em uma obra de arte, podemos viver com sentido. No entanto, segundo Viktor Frankl, não se pode inventar um sentido para a vida.  Devemos encontrar o sentido, o que é um caminho diferente para cada um. Encontrar o sentido, que nos faça caminhar e evoluir, no sofrimento ou na esperança, alinhar-mo-nos com nosso destino, é o que nos torna humanos.

Com nossa cliente, falamos sobre a necessidade de trabalhar nossa realização profissional, através de nossos estudos, nosso trabalho, formações, metas. Precisamos buscar realização relacional, viver melhores relacionamentos, procurar nosso desenvolvimento emocional.  Por fim, vem a realização do nosso Ser essencial, encontrando um sentido pelo qual viver, estar a serviço da vida, dedicar-se à mais profunda dimensão do nosso espírito. Evoluir, aprender a amar e a viver. Viver uma vida que valha a pena ser vivida.



Pedro Possidonio
pedropossidonio.psi@gmail.com

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pedropossidonio.wix.com/terapeuta

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A Teia da Vida



A vida é um grande sistema. Em toda parte, tudo está conectado.  O que acontece com uma parte, influencia o todo de maneira significativa. Em nossos hábitos irrefreável de consumo, viemos, desde a revolução industrial, destruindo a natureza. O que esquecemos de perceber é que a natureza reencontrará seu equilíbrio, nossa sobrevivência é que está em questão. Procuramos nos preencher através dos vícios, mas perdemos o caminho da verdadeira vida que nos preenche.

Para trabalhar nossa ideia da Teia da Vida, vamos ver um pouco mais da Teoria de Campo. Esta teoria e seus princípios foram trabalhados por um pesquisador chamado Kurt Levine. Tudo o que somos, pensamos, sentimos e desejamos, está projetado em um campo magnético invisível ao redor de nós. A teoria de Campo fala da Interrelação de tudo com tudo. Cada parte influencia as outras, modificando o campo.

Cada escolha, cada ação modifica nosso campo, mesmo que ninguém veja, a sabedoria da vida é testemunha, e sempre nos trás exatamente o que é nosso, exatamente o que merecemos, pois irradiamos o que somos. A vida exterior é reflexo do Ser interior.Outro autor digno de destaque é Fritjof Capra, também com importantes escritos sobre os campos sistêmicos. A vida é um sistema Uno, indivisível. Cada parte é importante. Cada escolha conta, e a consciência pode fazer a diferença. Podemos viver nossa transformação positiva em nossa vida.

Rupert Sheldrake é outro autor de contribuição importante, com sua ideia de campos morfogenéticos. A natureza se movimenta através de campos que são percebidos e criados ao longo do tempo, e cada espécie apresenta sua sabedoria inata, vivendo em alinhamento com a natureza. É uma proposta que vai além da simples seleção natural. A natureza é sábia, e é necessário reaprender a viver em harmonia com as suas leis.

Talvez a melhor forma de aprendermos, sentindo e percebendo estes campos, seja através da vivência das Constelações Sistêmicas e Familiares, de Bert Hellinger. Aprendemos que somos um sistema, repleto de pensamentos, percepções, emoções, sentimentos, motivações, inspirações, entre outros. O que vivemos em nossa vida familiar levamos para os grupos e organizações dos quais fazemos parte. Através de cada encontro, de cada grupo que participamos, vamos aprendendo sobre o que somos e o que podemos ser.

Não se trata de redução de tudo a problemas com pai ou mãe. Sim se trata de procurar evoluir em consciência do que realmente somos. Conhecer as polaridades em nós, masculino e feminino, adulto e criança, saúde e doença, sombra e luz. Trata de desenvolver o melhor de nós, e viver uma vida em harmonia com o todo,  com a grande Vida que quer o melhor para nós, que quer se realizar através de nós,  que quer sentir, amar, vibrar, respirar, que quer Ser através de nós. Nós somos parte desta teia. Nós somos a Vida. Nós somos o Todo. E o caminho da felicidade é reaprender a Ser, em unidade com o que verdadeiramente somos.


Pedro Possidonio
Psicólogo e Terapeuta

youtube.com/pedropossidonio