segunda-feira, 11 de maio de 2020

A capacidade de amar e se entregar



Dentro do movimento psicanalítico ocorreram várias dissidências importantes, as mais famosas Jung e Adler, mas hoje vamos falar das contribuições de Wilhelm Reich.


A partir da ideia de libido, a energia sexual e vital em Freud, Reich desenvolveu a ideia de essa energia vital ser medível é observável fisicamente, e montou uma série de experimentos para o comprovar. Ele apresenta resultados e ideias importantes em seu principal livro tese, A Função do orgasmo.

Reich dizia que a energia vital, a qual ele chamava de órgone, flui através do nosso corpo durante o orgasmo, tendo papel importante na manutenção da saúde e vitalidade. Ele dizia que o órgone, energia vital, também está presente nos animais e na natureza, por exemplo, explicando-nos que era por isso que nos sentimos bem com animais ou num ambiente como uma praia ou em contato com a natureza, em locais abertos, pois estes locais seriam repositores naturais de órgone, recarregadores de energia.

Esta energia vital poderia, no entanto, encontrar uma série de barreiras para a sua circulação. Estas barreiras funcionariam no corpo como tensões, aquelas mesmo que atribuímos ao estresse, que Reich chamava Couraças. Parte da sua terapia tinha que ver com identificar e dissolver esses bloqueios.

O autor dizia que devido às Couraças, teríamos bloqueios nesse orgasmo, o qual se tornaria incompleto e insatisfatório. Dai o ser humano procurar as traições e vícios, numa tentativa sôfrega de completar esse prazer, porém nesse caminho isso não acontece, mas sim ao retificar o desequilíbrio. No nosso modo de entender e explicar, essas Couraças tem a ver com aquilo que chamamos de crenças, quanto mais temos crenças limitantes sobre sexualidade e sobre o amor, menos nos entregamos de verdade, o que gera tensões e uma entrega que não é total, condição que Reich chamava impotência orgástica.

Por outro lado, ao nos entregarmos totalmente na relação com a pessoa que amamos, na medida em que desbloqueamos este fluxo de energia em nós, atingimos a potência orgástica em níveis cada vez mais elevados, e vivemos uma vida mais plena, com saúde e vitalidade. Assim, nossa capacidade de amar e de nos entregar numa relação amorosa estará totalmente ligada à nossa saúde psíquica. Muitas vezes associado a uma má fama de pervertido, Reich foi tratado como louco e morreu no ostracismo, mas por exemplo suas biografias apontam que amava a esposa e era fiel. Ele dizia que quem é capaz de se entregar completamente numa relação , atingindo plenamente o orgasmo, não teria necessidade de outras relações.

“O amor, o trabalho e o conhecimento são as fontes de nossa vida. Deveriam também governá-la.” W. Reich.

O discípulo mais importante de Reich, Alexander Lowen, desenvolveu uma série de práticas as quais nomeou Exercícios de Bioenergética, mudando para bioenergética o nome da vegetoterapia, termo escolhido por Reich para a terapia dessa energia vital. Para uma imagem mais clara, porém imprecisa, estes exercícios de biogenética são para mim semelhantes aos propostos na yoga, terapia complementar hoje conhecida e autorizada pelo sus, mas que não o era na época de Reich e Lowen. Através de exercício de vocalização, respiração e alongamentos terapêuticos, juntamente com a relação de análise terapêutica, a bioenergética se propõe a este equilíbrio da saúde e energia vital.



Assim, segundo estas ideias, nossa capacidade de amar e se entregar ao amor, nossas crenças sobre amor e sexualidade, estão diretamente ligadas à nossa saúde, vitalidade, equilíbrio físico e psíquico. Nossa maturidade emocional, de viver uma relação plena e verdadeira, seria reflexo do nosso desenvolvimento interior, o qual deve ser obra de toda uma vida, do autoconhecimento e da transformação interior.


Para ler Reich sugerimos seu clássico A função do Orgasmo e seu Escuta! Zé ninguém, uma importante obra de crítica ao fascismo. Para ler Lowen, recomendamos o Bioenergética e o Exercícios de Bioenergética.



Att, Pedro Possidonio
Psicólogo e terapeuta




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