quinta-feira, 14 de maio de 2020

Psicanálise e Zen Budismo



Hoje estou indicando, a quem interessar, a leitura do Psicanálise e Zen Budismo, de um autor chamado Erich Fromm. Ele desenvolveu uma linha chamada psicanálise humanista, muito interessante, pois neste livro mescla os conceitos de Freud com Sartre com o Zen Budismo. Olha só esse trecho, ele contrapõe a ideia de mal estar que gera sintomas com a ideia de bem estar, apresentando este como novo conceito:

"Bem-estar é o estado de quem chegou ao pleno desenvolvimento da razão: razão no sentido não de um julgamento meramente intelectual, mas de apreender a verdade pelo método de "deixar que as coisas sejam" (para empregarmos a expressão de Heidegger) como são. O bem-estar só é possível na medida em que a pessoa superou o próprio narcisismo; na medida em que a pessoa é aberta, receptiva, sensível, desperta, vazia (no sentido de Zen). Bem-estar significa estar plena e afetivamente relacionado com o homem e com a natureza, superar o isolamento e o alheamento, chegar à experiência da unidade com tudo o que existe - e, ao mesmo tempo, sentir-me a mim como a entidade separada que eu sou, como um indivíduo. Bem-estar significa ter nascido plenamente, tornar-se o que se é potencialmente; (...) despertar do meio-sono em que vive o homem comum e estar inteiramente acordado. Se é tudo isso, significa também ser criativo, (...) reagir e responder como o homem real, total, que sou à realidade de todos e de tudo como são. Nesse ato de resposta verdadeira reside a área da criatividade, (...) o mundo criado e transformado pela minha apreensão criativa, de modo que ele deixa de ser um mundo estranho, 'lá longe', e torna-se o meu mundo. (...) experimentar-se a si mesmo no ato de ser..."

Fromm conta que o objetivo da psicanálise é tornar consciente o Inconsciente (creio que essa frase remete mais ao Jung que ao Freud). Em outro Momento ele fala que transformamos o Id em Eu . O Id é instancia das pulsões, instintos inconscientes e cegos, na fronteira entre o somático e psíquico, e o Eu é a estrutura psíquica da consciência, construída como um administrador. Enquanto o Id funciona conforme o Princípio do Prazer, o Eu procura adequar este prazer para os momentos mais socialmente desejáveis, ajustados, o que vai ser chamado Principio de Realidade.

O autor que a maioria das pessoas têm um nível de funcionamento só o necessário para funcionar socialmente, mas é como se fosse uma falsa consciência, pra mim como se fosse aquele conceito da psicologia cognitiva das crenças que acabamos acumulando ao longo da vida. Fromm chega a falar diretamente que a maioria das pessoas estão dormindo, e elas teriam nesse processo de aprender a despertar (Impossível não associar ao tema do filme Matrix). Assim ao trazer o Inconsciente para o consciente estaríamos mais próximos de realizar um eu real, um ser humano completo e em harmonia com a natureza na visão de bem estar por ele apresentada.

Ele também aborda um conceito que concordo totalmente, que durante a análise tanto o Inconsciente do analisando vai sendo transformado para ser Consciente como isso também acontece com o analista, então no processo o analista também vai se curando, desenvolvendo consciência , ele fala que parte da função do analista é amar o analisando, não eroticamente, mas com aquele amor que todos sentimos falta na infância, ajudando assim a desenvolver as partes que não amadureceram e ficaram estagnadas nos traumatismos.

No livro existem muitas outras reflexões, não pretendo as esgotar, apenas dar um gostinho e estimular a leitura de quem interessar possa. Deixe suas dúvidas e comentários! Grande abraço.


Att, Pedro Possidonio
Psicólogo e Terapeuta
Atendimento presencial e online
(85) 99688.8876

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