segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A Lei do Equilíbrio

UMA REFLEXÃO EM CONSTELAÇÕES FAMILIARES



Quando trabalhamos com Constelações Familiares podemos perceber que uma família ou um sistema estará apresentando sempre a tendência de procurar o seu equilíbrio, da mesma forma que o equilíbrio é procurado em todos os processos da natureza. Neste sentido, os sintomas que aparecem na vida de uma pessoa podem ser interpretados como tentativas da natureza de equilibrar-se, de reencontrar o caminho para a cura e para o natural fluxo de amor, da saúde e do crescimento. 

Sem dar-mo-nos conta, vivenciamos padrões de consciência que pertencem a nosso grupo familiar ou cultural. O interessante é que, trazendo à tona estes padrões, podemos curar sintomas de doenças, restaurar o movimento criativo e vivo em uma vida estagnada, viver relações mais significativas, e até mesmo nos aprofundar no conhecimento de quem nós somos, quebrando os padrões desinteressantes que não precisamos repetir e fortalecendo os padrões que nos dão energia, força e vitalidade.

Uma família foi me procurar devido a sintomas de desequilíbrio emocional de sua criança, muito nervosa, ansiosa, a mãe dizendo que ela sentia medo de tudo. Através da Constelação, descobrimos um movimento sutil em que o pai não se interessava pelos filhos, devido a uma doença na sua família de origem. Assim, através de compensação, os filhos acabavam representando o pai como ausente, desenhando a família sem ele. Quem se exclui é também excluído. 

Uma mãe com depressão diz hoje não conseguir mais contato com seu filho, mas reconhece que antes, quando ele era mais jovem, ela somente procurava seu trabalho e não deu atenção a ele em momentos cruciais de sua vida. Quem julga é julgado, quem é injusto é injustiçado. Muitas vezes o que consideramos ser justiça ou injustiça está em movimentos da alma que vão além de nossos olhos, por isso, todos os nossos julgamentos são tão falíveis. Só nos resta honrar a certeza de que nada sabemos, como já afirmava Sócrates, o pai da Filosofia Ocidental.

Uma criança apresentava sintomas de ansiedade. Através do trabalho de Constelação, descobrimos duas crianças abortadas, irmãos de sua mãe, as quais não eram honradas, o que causava o desequilíbrio na família. Estávamos realizando a Constelação apenas com mãe, enquanto a criança brincava de desenhar afastada de nós. Ao termino da Constelação, a criança inconscientemente fez um movimento de levantar-se e olhar para a constelação na qual os dois tios natimortos eram incluídos e honrados. Nas semanas seguintes a mãe relatou sua melhora.

Uma mãe com depressão veio pedir ajuda por sentir um vazio no coração e saudade de sua família, pois ela é de origem em outro estado. Ela colocava todo o peso da saudade nos filhos, os quais já iniciavam a afastar-se dela, o qual era seu maior temor. Através da Constelação, descobrimos uma série de perdas em sua família, e realizamos o trabalho de integrar quem estava faltando. Descobrimos uma tia por parte de pai que um dia saiu "para comprar o pão" e nunca mais apareceu, descobrimos um filho de uma irmã esquizofrênica e adotiva, o qual também foi doado para adoção, e finalmente mais três crianças que sofreram aborto. Ao final do trabalho, a cliente pode respirar profundamente, aliviada, e perguntada sobre como podia fazer algo para incluir o amor da família em sua vida, ela disse querer fazer reuniões com familiares e amigos em sua casa, unindo os vivos em memória dos que se foram.

São muitos os casos, muitas as histórias. Devemos lembrar de incluir e guardar em nosso coração todas as pessoas que trouxeram contribuições significativas em nossas vidas: avós, tios, irmãos, vivos e mortos, e, principalmente, nossos pais, nossos filhos, nossos companheiros e companheiras. Assim, uma vida de mais saúde é possível, em respeito às lei do equilíbrio, do pertencimento e da inclusão, gerando saúde no sistema.

E este equilíbrio é fundamental para que o amor possa fluir em nossas vidas, como um rio que corre em direção ao mar, nós somos parte de um fluxo de amor infinito que inicia na nossa árvore familiar e vai culminar no oceano de nossa realização, no despertar para a consciência mais profunda de nossa unidade no Amor, que nos mantém, que nos sustenta, que nos atravessa. 

Inclua em seu coração todas as pessoas que já passaram por sua vida, inclusive todas as pessoas que você já foi, honrando assim todas as transformações de sua vida. Inclua seu pai e sua mãe no seu coração. Eles são o pai e a mãe certos, que a vida escolheu para você. Eles são o sagrado masculino e o sagrado feminino para nós, e honrá-los, vivenciando perdão e gratidão, é o mesmo que se reconectar com a vida, com o fluxo de amor que poderá despertar em nosso coração e curar nossas vidas.


Pedro Possidonio
pedropossidonio.psi@gmail.com

Mais informações sobre nosso trabalho em:
pedropossidonio.wix.com/terapeuta



Texto publicado originalmente de nosso blog Templo Interior, sobre Psicologia e Espiritualidade, revisto e atualizado para este blog Realização Humana.

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