segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Libertando-se dos Pesos Sistêmicos





Eu fico com o que é meu, eu entrego o que é seu!


Esta é uma frase de libertação e cura das constelações familiares, para nos liberarmos dos pesos que às vezes pegamos, consciente ou inconscientemente, através de nossos relacionamentos, dos sistemas dos quais fazemos parte. Muitas vezes adoecemos por carregar pesos e responsabilidades em nossas vidas que não são nossos. Trata-se algumas vezes de uma tentativa inconsciente de agradar aos outros, o que nos leva a nos importar demasiado com a opinião externa e nos faz sentir um peso altamente desconfortável dentro de nós. Talvez seja parte da nossa necessidade de pertencer, pois para o ser humano primitivo o isolamento significava a morte. Assim, nos sistemas humanos existe a lei do pertencimento, todos procuram pertencer, fazer parte, se sentir incluídos, e quando isto não acontece, o sistema entra em desequilíbrio e as pessoas adoecem, manifestando sintomas.

Um amigo estava sendo pressionado para casar-se sem sentir se era a hora certa ou não e veio me perguntar como lidar com o desconforto. Uma estudante vivenciava momentos de profundo e desconfortável estresse às vésperas de uma prova. Um adolescente se sentia mal todas as vezes em que o pai falava de maneira grosseira com ele. Um amigo veio me perguntar como lidar com as opiniões conflitantes da família da namorada. Um profissional de segurança carregava todos os pesos de sua empresa consigo. Uma mãe e uma criança carregavam medo e ansiedade devido a um assalto que assistiram, mas que não foi com eles. Vejo várias pessoas recitando um sarau de atos de violência que coletam da grande mídia todos os dias, até finamente conseguirem se tornar mais uma vítima, afinal, o universo nos dá exatamente aquilo a que damos atenção!

Em todos estes casos, o ideal é que possamos aprender a dizer a frase de liberação: 



Eu entrego o que é seu, eu fico apenas com o que é meu!


Através deste gesto honramos o destino do outro, honramos sua diferença e suas potencialidades de lidar com as próprias dificuldades que a vida lhe trás. Devemos abdicar do movimento interno de salvar o outro. Cada um de nós recebe da vida as lições pelas quais precisa passar para a própria evolução. Uma forma interessante de pensar tudo isso é assumir cada desafio que a vida nos trás como se fosse uma escolha pessoal ainda que não tenha sido: uma perda traumática, uma doença de alto grau, uma situação conflitante, podemos passar em cada situação como se fosse escolha nossa. Assim, saímos do fatalismo e vitimismo e acessamos nossos recursos para poder nos curar, seja através da cura mesmo, seja com a mudança de atitude, ou até através de viver com dignidade nosso destino e nossos desafios.

Eu mesmo tive de passar muitos dias doente por carregar o peso de meus clientes e pacientes comigo, até aprender que cada pessoa é uma obra única, um experimento maravilhoso da vida. Eu aprendi que devo honrar cada pessoa, amar seus problemas e suas potencialidades, amar a jornada de aprendizado de cada alma sobre esta Terra. Não devemos levar conosco o que não é nosso, assim, podemos adoecer e trazer desequilíbrios vários para nossas vidas.

Assim, sempre que uma situação estiver incomodando-o (a) pergunte-se: é realmente minha responsabilidade? ou diz respeito à vida do outro? esta história (opinião, ou crença, ou acidentes, ou atos de violência) é minha ou sua? eu realmente posso fazer algo? devo fazer algo? se não há nada que eu possa fazer, devo entregar a vida do outro, respeitando-o e honrando suas potencialidades.

Como na máxima de São Francisco de Assis: Senhor, dai-me forças de modificar o que eu posso mudar, aceitação para o que não posso mudar, sabedoria para discernir uma situação da outra.


A vida é um sutil equilíbrio entre dar e receber. Quando pegamos o que não nos pertence, adoecemos, nos desequilibramos. Inconscientemente é como se quiséssemos curar ou salvar o outro ao invés de olhar para nossas próprias feridas ou nos responsabilizar pela nossa própria cura. Assumir a responsabilidade pela nossa cura e transformação, além de honrar o destino do outro é nossa proposta através destes esclarecimentos.


Espero que este artigo possa incentivar a crescermos em autoconsciência, a aos poucos conquistar novos níveis de saúde, cura e de realização no Ser!






Pedro Possidonio

pedropossidonio.psi@gmail.com



Mais informações sobre nosso trabalho em:

pedropossidonio.wix.com/terapeuta



Texto publicado originalmente de nosso blog Templo Interior, sobre Psicologia e Espiritualidade, revisto e atualizado para este blog Realização Humana.



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